Depois de uma fase de recordes em 2010, os primeiros meses deste ano começam a delinear uma realidade diferente para o setor imobiliário. No lugar do crescimento robusto visto no passado, o mercado revê números e espera por avanço mais modesto, por volta de 5%, reflexo da nova realidade econômica do País. Os primeiros sintomas de desaquecimento sentidos até o momento – inflação e alta dos juros – indicam que a economia nacional crescerá mais lentamente, o que deve esfriar a demanda e deixar o consumidor mais cauteloso no longo prazo. Não bastassem estes motivos, o avanço do mercado imobiliário está restrito pela baixa oferta de mão de obra e escassez de terrenos, o que eleva os custos e, por si só, já tornaria mais difícil repetir os resultados do ano passado.
Além destes fatores, os especialistas de mercado destacam que os números registrados em 2010 configuram base de comparação muito elevada, o que também justifica taxas menores em 2011. “O ano passado foi atípico e qualquer crescimento pareceria modesto neste ano”, afirma o diretor de economia do SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo), Eduardo Zaidan. Para o primeiro trimestre deste ano, a entidade prevê crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) próprio de 5%, bem inferior aos 15% registrados no mesmo período do ano passado.
Mesmo assim, Zaidan considera que os números ainda estão favoráveis, com alta na produção de insumos e na contratação de mão de obra, que também cresceram por volta de 5% nos três primeiros meses do ano. Segundo ele, a demanda por produtos e serviços continuará firme até a conclusão de obras iniciadas nos últimos anos. Outro fator positivo são as obras garantidas pelo programa Minha Casa, Minha Vida, que recentemente teve sua segunda fase aprovada pelo Senado.
No entanto, o diretor do SindusCon-SP já vislumbra a possibilidade de redução na atividade do setor em 2012, caso a alta de juros esfrie a demanda e afete a capacidade de compra do consumidor. “Se houver impacto sobre o emprego, a confiança das famílias vai ser afetada”, explica.
Foi justamente o agravamento do cenário econômico desde o início do ano que levou a Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção) a revisar suas perspectivas de crescimento nas vendas, reduzindo a projeção de 11% para 8,5%. Nos primeiros quatro meses do ano, o setor de materiais de construção cresceu 2,5% ante o mesmo período do ano passado. “Em função do desempenho obtido pelo setor neste início de ano, tivemos que rever a nossa expectativa. Ainda assim é importante ressaltar que ainda passamos por crescimento”, diz Cláudio Conz, presidente da Associação.
Acompanhe a matéria completa no site da revista Construção Mercado.

