Segundo notícia da revista Construção Mercado, a Infraero decidiu utilizar as estruturas pré-fabricadas temporárias nos aeroportos do País para suprir aumento da demanda.

 

Os módulos operacionais provisórios – também chamados de MOPs – são construções pré-fabricadas instaladas em aeroportos para funcionar como salas de embarque e desembarque, salões de check-in, terminal de bagagens, entre outras áreas de atendimento aos passageiros. São projetados e montados para substituir, em caráter emergencial e temporário, obras definitivas de alvenaria e, assim, atender um número maior de passageiros do que a infraestrutura original do aeroporto comportaria.

Como a construção e a montagem dos módulos temporários são mais rápidas do que a de uma estrutura definitiva, os MOPs podem ser usados para atender um aumento súbito de passageiros enquanto uma construção permanente, em alvenaria, é construída. É mais comum, porém, que os módulos pré-fabricados sejam usados para atender aumentos de demanda pontuais – como grandes eventos.

A solução é indicada por ser mais barata e poder ser desmontada depois. “Uma solução eficiente para períodos de elevado crescimento da demanda, principalmente quando ela é temporária. Como exemplo, os eventos de jogos, como Copa do Mundo e Olimpíada, são uma boa ilustração”, avalia Anderson Correia, doutor em engenharia de transportes e professor de transporte aéreo e aeroportos do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica).

Sobretudo por conta da Copa do Mundo no Brasil, que vai acontecer em 2014, a Infraero prevê a instalação de módulos operacionais em mais 11 aeroportos do País – os aeroportos internacionais de Brasília e de Florianópolis já possuem módulos operacionais em funcionamento, cumprindo ambos a função de salas de embarque.

Já foram iniciadas obras para instalação de MOPs no Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP). No Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP), a fase é de preparação do terreno para o início da instalação da primeira das três estruturas modulares que, segundo a Infraero, deverão ser construídas até 2014. No Aeroporto de Imperatriz (MA), a previsão é de que a ordem de serviço para o início do empreendimento seja emitida ainda na primeira quinzena de março. Além desses citados, a Infraero informa
que outros oito aeroportos deverão ter módulos operacionais temporários em funcionamento até 2014.

Estruturas pré-fabricadas temporárias já foram usadas em aeroportos de fora do país por conta de eventos esportivos – como foi o caso da Eurocopa de 2004, em Portugal. O aeroporto da Portela, em Lisboa, recebeu um terminal temporário fornecido pela Siemens que, segundo a empresa, duplicou a capacidade de atendimento. Na Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, a Siemens também instalou terminais temporários nos aeroportos das cidades de Port Elizabeth e Bloemfontein. Cada um tinha 1,8 mil m² e capacidade para receber 300 passageiros por hora.

Estrutura e projetos

Os módulos operacionais pré-fabricados e compostos de estrutura metálica podem fazer a função de diversos setores de um aeroporto. Recebem acabamentos, instalações elétrica e hidráulica, ar condicionado e, conforme a função, podem abrigar portões de embarque, equipamentos de inspeção por raios-X, sistema de som e painéis informativos de voos, esteiras de bagagem, sanitários, lojas, restaurantes etc. Podem, também, serem anexados às estruturas já existentes. Sua cobertura pode ser feita em telha termoacústica do tipo sanduíche e o fechamento com painel termoisolante, além de vidros.

Fachada da sala de embarque no aeroporto de Florianópolis. Estrutura temporária foi inaugurada em abril de 2009 e tem mil m².

Comparados com construções de alvenaria, os módulos operacionais têm rápida instalação e baixo custo. Para a Infraero, as estruturas modulares atendem de forma eficiente a demandas imediatas, com implantação que garante baixa geração de resíduos, sem a necessidade de grandes obras de fundações, alicerces, galerias de esgoto e águas pluviais, como são as obras em alvenaria. Nos módulos, são usadas as galerias de esgoto da construção já existente.

Como é uma obra com fins temporários, a construção dos módulos também pode ser desmontada. Teme-se, entretanto, que esses implementos tornem-se anexos permanentes nos aeroportos brasileiros, já que a demanda está alta independentemente dos eventos esportivos.

Correia vê benefícios na solução. “Há a vantagem de adicionar capacidade de processamento de passageiros sem a necessidade de investimentos permanentes. Os MOPs, em geral, possuem boa estética e se adaptam bem ao terminal de passageiros original, de alvenaria”, diz. Entretanto, em casos em que a demanda não é exclusivamente temporária, o professor indica que os módulos operacionais podem ser insuficientes. “Em casos em que é necessário adicionar capacidade em termos de processamento de aeronaves, não necessariamente apenas capacidade para processamento de passageiro, a adição dos MOPs pode ser ineficaz”, pondera.

A própria Infraero projeta o módulo operacional, orientando a montagem da estrutura. No aeroporto de Viracopos, em Campinas, estão em andamento as obras de um módulo operacional que vai ser edificado em uma área de 1,2 mil m², ao lado do terminal de passageiros definitivo. A estrutura será composta por oito submódulos e vai contar com sistema eletrônico de som, pontos comerciais, ar condicionado, sanitários e sistema informativo de voos.

A estrutura vai cumprir as funções de uma área de check-in, onde vão funcionar 22 posições de atendimento – metade delas, informa a Infraero, adaptadas aos usuários com deficiência física ou mobilidade reduzida. “As novas posições possibilitarão o atendimento a 528 passageiros por hora, aumentando para 1.460 o número de check-ins realizados por hora no terminal”, explicou a superintendente de Viracopos, Lilian Ratto Neves, em nota da Infraero. Sem o terminal temporário, o aeroporto tem 33 posições de atendimento e capacidade para atender 960 passageiros por hora.

MOPs não são suficientes

O módulo abriga sala de embarque em estrutura metálica. A área é climatizada e tem sistema informativo de voos.

Para Anderson Correia, professor de Transporte Aéreo e Aeroportos do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), a implementação dos MOPs nos aeroportos, tal como preconiza a Infraero, pode ser uma solução interessante para o período de alta demanda atual, já que a construção de terminais tradicionais levaria um tempo considerável. “Entretanto, é importante considerar que apenas isto não é suficiente
para a demanda que está sendo esperada no futuro. Não apenas a demanda da Copa e Olimpíada, mas principalmente a demanda natural”, avalia.

Correia assinala, também, que não basta aumentar a infraestrutura das áreas de atendimento a passageiro dentro do aeroporto. É preciso que toda a estrutura de tráfego aéreo e dos entornos dos aeroportos acompanhem o aumento da demanda. “Além dos MOPs possuírem uma capacidade reduzida frente à demanda esperada, muito ainda deve ser feito em termos de adição de capacidade para processamento de aeronaves em pátios e pistas, assim como em termos de tráfego aéreo. Além do mais, há muita necessidade em melhorias de acesso aos aeroportos, seja em termos rodoviários, ou em metrôs e ferroviários”, diz. “Outra questão importante, é a necessidade de expansão dos terminais de cargas dos aeroportos, principalmente em Guarulhos (SP), Viracopos (SP) e Manaus”, completa.